Com todas as letras, respondo: normocalórica e antiinflamatória!
Quando pensamos em ganho de peso, em sobrepeso, em obesidade, a primeira coisa que deve vir na nossa mente é INFLAMAÇÃO e como está funcionando a nossa INSULINA. Defeitos na ação da insulina nos tecidos-alvo (músculo, fígado e tecido adiposo) levam ao aumento do “processo inflamatório crônico de baixa intensidade”. E isso é um caminho que vai e volta: inflamação induz resistência à insulina e resistência à insulina acentua o processo inflamatório – e, então, temos um ciclo viciante onde o ganho de gordura aparece (mas nem sempre).
Claro, junto disso temos uma série de outros fatores, mas que comumente abarcam, novamente, esta inflamação crônica de baixa intensidade. Um exemplo é a MICROBIOTA INTESTINAL.
Quem é meu paciente sabe a importância imensa que as bactérias que habitam nosso intestino possuem sobre o processo de emagrecimento. Uma destas causas é (adivinha!) esta inflamação: as bactérias gram-negativas (“más” bactérias), quando se rompem, liberam lipopolissacarídeos (LSP), que atuam como desencadeadores do processo inflamatório, prejudicando aquela sensibilidade à insulina que comentei e aumentando a ADIPOSIDADE.
E o nosso tecido adiposo é um tecido, naturalmente, INFLAMADO! Quanto maior a presença de tecido adiposo, maiores são os níveis de citocinas pró-inflamatórias (IL-6, TNF-alfa, IL-8, IL-1b, CD40, CD40L, etc).
Você pode ler uma revistinha famosa e ter aquela dieta prontinha do tipo:
- Pão integral industrializado com queijo branco, requeijão light e peito de peru light
- Café com leite desnatado de caixinha e adoçante
- Gelatina zero
(pausa para a depressão)
Vamos pensar que quanto mais comida, de verdade, menor o fator inflamatório. Quanto menos processado, menor o fator inflamatório.
Corantes, adoçantes, melhoradores de farinha, caixinha tetra-pak, aromatizantes, estabilizantes. Plástico, plástico, plástico.
–> Glúten é inflamatório? Leite é inflamatório?
Bom, este que nós comemos, no Brasil, em 2015, não está bom não. Existe uma diferença bem grande daquele leite, integral, fervido, da vaquinha do pequeno produtor e aquele de grandes indústrias leiteiras que comem outro tipo de alimento e são tratadas com grandes quantidades de medicamentos.
O trigo integral, sem melhorador de farinha, sem glifosato (orgânico e biodinâmico), sem tanto fermento biológico (cadê a fermentação lenta ou o fermento de batata, minha gente?), sem propionato de cálcio, sem sorbato de potássio (ufa!), provável que tenha uma reação bem diferente no nosso organismo.
Modismos à parte: ingenuidade nossa achar que a nossa microbiota intestinal de hoje está super adequada para tolerar esses alimentos – imagina esses PRODUTOS que criaram a partir destes alimentos, não é? Que nossa mastigação é bem feita a ponto das enzimas digestivas atuarem de forma plena. Ou seja: a relação alimento x pessoa.
Claro, ninguém deveria fazer de trigo e laticínios uma monodieta – e há os que não deviam comer quase nunca – ou nunca.
O medo de comer abacate, açaí, coco, sementes… quanta gordura, quanta caloria!
O medo de comer ovo caipira… quanto colesterol!
Consumindo suplemento proteico com se fosse fruta colhida do pé.
Mas por que não temos medo de comer esses preparados cheio de farinha que a indústria empurra? Os pacotinhos? Os shakes prontos? O iogurte grego com açúcar/adoçante artificial? O iogurte com a bactéria milagrosa, cheinho de corante, açúcar ou adoçante artificial? Porque o junk-food famoso a gente sabe que é besteira e come de vez em quando, mas esses pseudo-saudáveis a gente come todo dia – o que é muito pior.
Alimentação rica em fitoquímicos e antiinflamatória, cheia de comida de verdade. É isso que eu queria deixar para você de mensagem nessa sexta.
Menos medo de comida, mais crítica às grandes indústrias e de propaganda de gente feliz comendo margarina e suco de caixinha
Com carinho, Letícia.