Sabes o que é SIFO?

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SIFO é uma sigla em inglês para “Small Intestinal Fungal Overgrowth”, que, traduzindo, seria um Super Crescimento Fúngico do Intestino Delgado. Além de um MICROBIOMA temos um MICOBIOMA – ou seja: a população de fungos que naturalmente habitam o intestino. O problema é quando há um desequilíbrio neste micobioma, como é o caso da SIFO.

➡️Alguns sintomas bem comuns em quem está com SIFO são: candidíase bucal, candidíase vaginal, infecção urinária, enxaqueca, micoses, dores articulares, sinusite, queda de cabelo, cansaço crônico, e constante necessidade exagerada por doces, hipoglicemias frequentes, distúrbios intestinais, excesso de gases/distensão abdominal.

É esperado que pacientes imunodeprimidos (ex. pacientes com câncer, aqueles que fizeram transplante, usuários de corticoide) venham a desenvolver SIFO. Entretanto, algumas pesquisas demonstram que cerca de 25% dos pacientes não-imunodepremidos podem desenvolver SIFO. São MUITAS as causas da SIFO, mas na minha prática clínica, o que mais percebo:
- Pacientes com Doença de Crohn, doença celíaca e outras doenças auto-imunes;
- Pacientes com intolerância à lactose e/ou frutose;
- Pacientes com gastrite atrófica;
- Pacientes com anemia ferropriva persistente;
- Pacientes em uso frequente de antibióticos orais;
- Pacientes com SII (síndrome do intestino irritável);
- Pacientes com Diabetes tipo II;
- Pacientes que utilizam ou utilizaram por muito tempo medicamentos inibidores de bomba de próton (como os famosos “prazóis”) e/ou medicamentos opióides;
- Pacientes com deficiência de enzimas pancreáticas (amilase pancreática, proteases, lipase)

Geralmente o diagnóstico é feito através da aspiração/cultura duodenal, feito em muitos países. Não é o caso do Brasil. Normalmente, o diagnóstico acaba sendo clínico e por eliminação. O teste do hidrogênio expirado não acusa SIFO. Alguns exames, enviados para o exterior, avaliam marcadores urinários, mas são de alto custo.

‍⚕️‍⚕️O tratamento, na maior parte das vezes, é feito com antifúngicos (prescritos pelo médico), e quando associado com SIBO (Super crescimento bacteriano no intestino delgado), também se utilizam antibióticos. Mas o tratamento exige mudança de estilo de vida e – especialmente – na ALIMENTAÇÃO. Senão, o problema pode até ir embora, mas logo logo ele volta – e ainda gera uma série de outros problemas. É importante que saibamos as possíveis causas pois isso que irá nortear o tratamento nutricional.

Diminuir a proliferação fúngica não deve ser a única abordagem do tratamento da SIFO, afinal, se ele está com SIFO em decorrência, por exemplo, de uso rotineiro de inibidores de bomba de próton, precisamos focar na melhora da digestão deste paciente, descobrir o motivo dela. As pessoas possuem crescimento fúngico exacerbado por motivos diferentes – como ter um único tratamento?

Bom, falando APENAS sobre o crescimento fúngico, é importante eliminar (sim, muitas vezes apenas diminuir não resolve, precisamos eliminar) o consumo de alguns alimentos e produtos alimentícios ❗️Claro, não é todo mundo que necessita retirar todos os alimentos que cito nesta lista – aí, mais uma vez, é importante a avaliação individual, ok?
Açúcar de qualquer tipo, mel de abelhas e melado de cana.
Farinhas e demais produtos oriundas de trigo e de milho, sejam estas farinhas refinadas ou integrais.
Castanha do Brasil, amendoim e amêndoas – pelo maior teor de micotoxinas, em especial produzidas por Aspergillus Flavi.
Álcool de qualquer tipo.
Alimentos fermentados (kombucha, kimchi, vinagre, kefir) – daí a diferença entre prevenção e tratamento. O que ajuda a prevenir não necessariamente ajuda a tratar.
Lactose (queijos brancos, leite condensado e leite, principalmente), em especial em quem já é intolerante à lactose.
Garantir uma boa integridade da barreira intestinal: níveis adequados de zinco, de complexo B e vitamina D, não consumir os alimentos aos quais o paciente apresenta intolerância, evitar conservantes alimentares, evitar adoçantes artificiais, evitar o consumo de agrotóxicos, manejar o excesso de stress.
Alguns fitoterápicos, tanto na forma de extrato seco, de tintura vegetal ou de infusão (aí cabe a avaliação): alho (Allium sativum), cebola (Allium cepa), orégano (Origanum vulgare), tomilho (Thymus vulgaris), alecrim (Rosmarinus officinalis), endro (Anethum graveolens), ginseng siberiano (Eleutherococcus senticosus) e ipê roxo (Handroanthus impetiginosus).

E probióticos em cápsulas/sachês, podem ajudar? Depende da causa da SIBO e do momento em que o utilizamos! Senão, pode agravar o quadro. Não existe fórmula mágica que acerte pra todo mundo, existe uma boa anamnese, para que compreendamos o quadro completo de cada um. Isso, com certeza, corrobora num tratamento mais eficaz. Converse com teu médico e mantenha sempre um acompanhamento nutricional.

Dica de leitura:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23574267
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25786900
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5915536