Relação entre endometriose e alterações gastrointestinais

14462711_1226442597397767_3487331814622071331_n

É muito comum o relato de alterações intestinais em mulheres com endometriose, ainda que sem aderências de tecido endometriótico ao reto. Uma revisão, publicada este ano na European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biologya, abordou a relação entre comorbidades que estão associadas à endometriose, relatando um pouco sobre os possíveis mecanismos que explicam esta sintomatologia.

Dentre os sintomas gastrointestinais mais comuns nesta mulheres, temos:
- Distensão abdominal
- Dor abdominal
- Constipação
- Diarréia
- Náusea
- Vômito

Síndrome do Intestino Irritável (SII) é mais comum em mulheres com endometriose quando comparado à população em geral, bem como as demais Doenças Inflamatórias Intestinais. Dentre as hipóteses do porquê isso ocorre, temos que:

–> O maior quadro inflamatório que estas mulheres apresentam, incluindo aqui uma maior síntese de prostaglandina E2 (PGE2). Isso ocorre, por exemplo, pela QUEDA DE PROGESTERONA que estas mulheres apresentam (daí os tratamentos farmacológicos que envolvem uso de progestagênios, como drospirenona, diegnogeste e gestodeno). A progesterona diminui a atividade uma enzima denominada COX-2, e em situações de baixos níveis de progesterona, essa enzima fica ainda mais ativa, estimulando a produção da PGE2 e, por consequência, aumentando o sangramento uterino e podendo levar a alterações intestinais.

Em todo início de menstruação esse aumento de PGE2 ocorre, por isso não é incomum que mulheres mesmo sem endometriose tenham alterações de motilidade intestinal no período pré-menstrual; entretanto, nas mulheres com endometriose este aumento é maior e não está associado exclusivamente ao período pré-menstrual.

–> Outra relação é que na SII tem-se uma queda na atividade das enzimas que atuam no processo de detoxificação no próprio intestino. As mulheres com endometriose também apresentam uma queda na atividade destas enzimas, inclusive já existem algumas publicações que relatam polimorfismo genético da enzima glutationa nestas mulheres, dificultando o processo de detox nas portadoras de endometriose.

E a microbiota intestinal na endometriose? Super importante! Por quê?

- Aumento da produção de IL-17, que leva a um aumento da angiogênese e do processo infolamatório
- Produtos bacterianos desse intestino aumentam o número de macrógafos na cavidade peritoneal
- Disbiose aumenta a circulação de estrogênios

Por isso a importância do uso de probióticos em ciclos de pelo menos 60 dias (manipulados, kombucha, kefir de água) e diariamente de prebióticos (cebola, alho, entrecasca de cítricos, aveia, mel não-pasteurizado, linhaça, gergelim, maçã, biomassa de banana verde, aspargos, batata doce, psyllium) em mulheres com endometriose, não apenas pelas alterações de motilidade intestinal que podem desencadear uma disbiose intestinal, mas também a influência que a própria disbiose exerce no quadro inflamatório crônico da endometriose. Por quê?

–> Se você suspeita ter endometriose, converse com seu ginecologista sobre a possibilidade de uma ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, que é um dos métodos mais utilizados atualmente para o diagnóstico. Com endometriose não se brinca!